quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Um Liquefazer-se da Violeta Descerrada...

"Não, eu não me enganaria
entre essas quatro paredes,
e quando as minhas mãos
descem pelo meu corpo
a percorrê-lo teatrais,
sei que não são as tuas."
(Silvia Chueire)


E o sol rompeu as cortinas... Amanheceu!
Ela despertou de uma maneira diferente dos outros dias...
Acordou para a manhã, para a vida, para si!
Teve uma repentina vontade de tocar-se
como se no seu corpo flores abrolhassem...
Era violeta descerrada, formosa e ímpar... acessível, aberta, intensa!
Brincava com suas reentrâncias... dedilhava-as, molhava-as... a dissolvia do mel a gota... 
e voltava a manuseá-la com maestria...
Sorria, vibrava, gemia, estremecia!
Seus instintos a tudo pedia... mãos, seios e pernas... Tudo lhe era permitido e tudo ela queria...
Sentia-se derreter, entorpecer!
De seu corpo fogo em brasas... larva se fazia!
Seu gozo era sua liberdade... e não se punia por ser assim!
Doava-se ao prazer, sem reservas...
Censuras? Não! A ela não cabía...
Dar-se e receber a si...  Emoção que esporadicamente ela se permitia...  Ela por ela, ela para ela, ela pra si, ela por si!
LIQUEFAZIA-SE no íntimo do sentir
Pouco ou muito... neste momento era o que ela tinha e isso lhe bastava, lhe deixava em transe... EMBEVECIDA!

[Mayara Harine]





"A mulher é feita de narração. Ela deve engravidar o desejo. Cortejá-lo, rodeá-lo, ouvi-lo.
Não dar conta dele para que ele passe a dar conta dela.
Diferente do homem, a mulher avisa o seu corpo. Prepara seu corpo. Informa seu corpo.  Mantém seu corpo atento.
Seu prazer demora porque ela vai mais longe do que o homem.
O homem entenderá a mulher caso o seu prazer seja o dela, assim como toda a vida a mulher entendeu que seu prazer era o dele.
Nenhuma pressa, não entrar na água, seguir o rio andando pelas margens. Abandonar mais de uma vez, e recomeçar. Não finalizar. Abrir um lado da cama ao vento, ao som da língua, ao alarido da rua.
Permitir a ela acreditar que não conseguirá após vários adiamentos. Quando ela duvidar, prosseguir. É na desistência que o corpo cresce.
O prazer feminino mente a si. Mente que está chegando e volta, mente que está concluído e volta. E quando vem, percebe-se que tudo o que voltou não foi desperdiçado."

Fabrício Carpinejar 

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